Uma americana para proteger os consumidores europeus dos grandes monopólios americanos!
A nomeação da americana Fiona Scott Morton como economista-chefe de concorrência para a Comissão Europeia está a causar algum rebuliço na Europa, e particularmente na França. Quem é Fiona Scott Morton, qual a sua filosofia e porque foi recrutada?
Os jornais europeus menos alinhados com o pensamento único, entre eles o Le Monde e o The Guardian, noticiaram (resignados) a surpresa com a nomeação da americana Fiona Scott Morton como economista-chefe da concorrência para a Comissão Europeia, presidida por Ursula Von Den Leyen.
“Ex-lobista dos EUA ‘Fiona Scott Morton é um cavalo de Tróia para Big Tech’ na Comissão Europeia
Em entrevista ao “Le Monde”, Matt Stoller, diretor do think tank American Economic Liberties Project, evoca a relutância, até mesmo a oposição, observada após o anúncio da contratação, pela Comissão Europeia, de Morton como economista-chefe da Direcção-Geral da Concorrência.”
Pela primeira vez a União Europeia recruta um quadro de topo não europeu e logo para uma das áreas mais sensíveis, a da concorrência, onde são defendidas as regras de transparência e de equidade no comércio entre a Europa e as outras regiões do mundo! E logo uma americana, sendo os Estados Unidos o principal violador de normas de comércio justo! E logo esta senhora que foi assessora dos grandes conglomerados tecnológicos que impõem a sua lei ao mundo e à Europa, é claro. Como membro do Comité Jurídico dos Estados Unidos ela elaborou um relatório crítico contra o Facebook e a Google, deixando de lado a Apple e Amazon, que eram seus clientes como assessora. Como se vê uma personagem de princípios e com bons patrões!
O jornal Le Monde informa que ela é muito conhecida no campo especializado da economia da concorrência. Concorrência e consumidores são secundários no seu pensamento, considera o artigo. A sua filosofia é que as grandes empresas são eficientes e que especialistas económicos (como ela) são suficientes para promulgar regulamentos para proteger os consumidores. Fiona Morton opõe-se à dissolução de grandes corporações ou a qualquer medida destinada a desafiar ou controlar o seu poder.
Quando Fiona Scott Morton estava na divisão antitrust do governo Obama facilitou o domínio das grandes empresas. Os europeus tendem a ver Obama como um presidente amigável e defensor dos fracos. No entanto, quando se tratou de regulamentação de negócios, essa máscara desapareceu. Foi sob a sua presidência e com assessores como Fiona Morton, que as grandes empresas de tecnologia se tornaram oligopólios e se consolidaram em praticamente todos os setores da economia americana, daí resultando preços mais altos e salários mais baixos. Fiona Scott Morton desempenhou um papel importante nessa consolidação. Joe Biden não a recrutou, o trabalho estava feito, quem a recrutou foi a União Europeia de Ursula Von Den Leyen para impor a receita americana na Europa!
Como economista chefe, Fiona Morton fará na União Europeia lobbying pelas grandes empresas monopolistas americanas e europeias! Isto em nome da defesa dos consumidores! Em Portugal esta política da concorrência é conhecida com os casos da privatização da ANA, das pontes sobre o Tejo, da EDP, da TAP, dos cimentos… tudo a favor dos consumidores.
Para o ano há eleições para o parlamento europeu. Também serve para ratificar mais Fionas defensoras dos pagantes europeus das grandes máquinas americanas de produção de ideologia e das suas guerras!