Bizâncio e a União Europeia
No «Público» de 21 de Julho de 2023 a deputada europeia Margarida Marques cumpre o seu papel e apela ao voto nas eleições para o Parlamento Europeu, que se realizarão em 2024. Apela especialmente ao voto dos jovens — o apelo ao voto dos jovens contem uma ironia em si mesmo, porque assenta na ideia de que os mais velhos já não vão ao engano — e garante que a União está bem e se recomenda. Apresenta resultados que merecem reflexão, como se lê nos extratos apresentados no final: “Apesar da pandemia e da guerra, os inquéritos à opinião europeia mostra que 62% dos europeus estão otimistas e 56% se identificam com a resposta europeia à guerra na Ucrânia…” mas também reconhece que a extrema direita avança na Itália, Finlândia, Suécia, (também em Espanha) para já não falar da Polónia e da Hungria, onde são claras as violações do Estado de Direito. Isto para não recordar a democracia muito, muito especial da adorada adorada Ucrânia, a quem tudo se perdoa e se paga. Num inquérito do Parlamento Europeu apenas 56% dos europeus se mostrou interessado nas eleições europeias. Nas últimas eleições, em 2019, o valor da abstenção foi de 49% e em Portugal foi de uns históricos 69,3% e na Europa apenas 40% dos jovens que votaram pela primeira vez foram às urnas.
Isto foi em 2019! Julgo que a abstenção será bem maior em 2024. Em minha opinião, a União Europeia é cada vez mais vista como um sucedâneo do bizantinismo, do sistema político e cultural do Império Bizantino com as complexidades desconcertantes dos ministérios do império e as suas cerimónias, bem como com sua evidente falta de espinha dorsal em assuntos de soberania e afirmação autónoma. O “sistema bizantino” afundou-se em intrigas, conspirações e negócios.
Bizantinismo ou bizantinice passou a significar um sistema que presta atenção detalhes, ao imediato, deixando de lado os aspetos mais importantes da vida em sociedade e os resultados no futuro.
Julgo que em 2024 a União Europeia será ainda mais bizantina do que hoje.