A entrevista do fim do jogo, o orçamento e os Monty Pyton
Sou um apreciador das entrevistas dos treinadores no fim dos jogos a justificar as derrotas. São exercícios de raciocínio de alta complexidade para explicar o óbvio: não fomos competentes, perdemos. Quanto ao resto, nenhuma justificação faz sentido, são discursos para adeptos fiéis em que a lógica sofre tratos de polé.
As justificações dos treinadores do BE e do PCP a propósito do chumbo do orçamento seguem o mesmo malabarismo mental dos treinadores derrotados quando justificam as suas decisões com o facto de o Partido Socialista querer eleições.
Abstraindo da bondade ou da falta dela do orçamento, os pontos de partida eram a de que haveria eleições se ele fosse chumbado (PR dixit), e a hipótese de, a seguir a este orçamento, vir um idêntico, caso o PS vencesse as eleições, ou pior, na perspetiva dos “chumbantes”, caso ganhasse a direita dos grande interesses que se perfila para ir ao pote tendo Paulo Rangel como o seu Bolsonaro.
Os treinadores do BE e do PCP decidiram chumbar o orçamento e justificam agora a sua decisão com o facto de o PS querer eleições. Isto é, o PS quer eleições para apresentar um orçamento idêntico e o BE e o PCP deram-lhe essa oportunidade, com o risco acrescido de obterem um pior para as suas cores.
Um treinador de uma equipa que, em vez de impedir o adversário de obter o que quer, lhe proporciona a concretização do seu objetivo e ainda corre o risco da sua equipa sofrer uma cabazada e atribui a vitória do adversário à sua astúcia e maldade, em vez de assumir a sua incompetência, seria, no mundo do futebol, inapelavelmente despedido, exceto se fosse uma figura que gosto muito de ver nas TV, chamada Jorge Jesus, e me lembra os pícaros Monty Pyton. Os dirigentes do BE e do PCP também.